
Professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho distinguido com prémio internacional em Londres
João Pedro Couto, professor do Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, foi distinguido no dia 3 de julho, em Londres (Reino Unido), com o Charles Manby Award, atribuído pela Institution of Civil Engineers (ICE), uma das mais prestigiadas entidades mundiais na área da engenharia civil.
O prémio reconhece o melhor artigo científico do ano, valorizando a excelência da inovação tecnológica, a melhoria das práticas de engenharia e o impacto positivo na sociedade.
O artigo premiado, intitulado “Using Virtual Reality for Occupational Safety and Health in a UK Tunnelling Megaproject”, foi publicado em novembro de 2024 na revista Proceedings of the Institution of Civil Engineers – Management, Procurement and Law. Entre os coautores – também distinguidos – encontram-se Manuel Tender (ISLA Gaia e Instituto Politécnico do Porto – IPP), Ricardo Santos (IPP), Firmino Silva (ISLA Gaia), Paul Fuller, Peter Demian e Vivien Chow (Universidade de Loughborough, Reino Unido), e Alex Vaughan (Institute of Risk and Safety Management, Ferrovial e Laing O’Rourke, Reino Unido).
Inovação e segurança através da realidade virtual
O estudo foi desenvolvido no âmbito do consórcio europeu Digital4OSH, criado em 2020 pelo ISLA e pela Universidade de Loughborough, com a colaboração do IPP, das universidades do Minho, Porto e Caledónia de Glasgow (Reino Unido), e das empresas Xispoli Engenharia e BIMMS.
O consórcio nasceu da iniciativa Tideway Tracer, promovida pela Institution of Occupational Safety and Health e pela Universidade de Loughborough, com o objetivo de aplicar inteligência artificial e modelação da construção (BIM) para aumentar a segurança na indústria da construção.
O “super esgoto” de Londres como estudo de caso
A investigação incidiu sobre o troço central do Thames Tideway Tunnel, conhecido como o “super esgoto” de Londres. Com cerca de 25 quilómetros de extensão, 70 metros de profundidade e 7,2 metros de diâmetro, trata-se da maior obra de saneamento da capital britânica desde a era vitoriana.
O projeto visa recolher e desviar descargas de águas residuais que fluem para o rio Tamisa, sobretudo em períodos de chuva intensa, melhorando a qualidade da água e protegendo a saúde pública.
O estudo demonstrou que simulações imersivas em realidade virtual, combinadas com modelos BIM, permitem a engenheiros, gestores e trabalhadores identificar riscos com maior precisão antes de entrarem no ambiente real de obra. A abordagem possibilitou treinos de segurança 20% mais rápidos e uma redução de 10% na probabilidade de acidentes.
Ciência e tecnologia ao serviço da segurança
“Apesar de desafios como custos, portabilidade e acessibilidade, os resultados evidenciam uma mudança de paradigma na gestão da segurança em grandes projetos de engenharia. A tecnologia digital permite capacitar equipas, aumentar a eficiência, antecipar perigos invisíveis e proteger vidas humanas”, explicou João Pedro Couto, professor do Departamento de Engenharia Civil da UMinho e investigador do Centro de Território, Ambiente e Construção (CTAC).
O docente sublinhou ainda a importância da colaboração entre a academia e a indústria, essencial para transformar conhecimento científico em soluções práticas que aumentem a competitividade e melhorem as condições de trabalho.
“Esta investigação reforça o papel da Universidade do Minho na produção de conhecimento de excelência e contribui para uma Europa mais inovadora, sustentável e segura”, concluiu.



